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Meu caminho nesse mundo, eu sei.Vai ter um brilho incerto e louco dos que nunca perdem pouco,nunca levam pouco,mas se um dia eu me der bem,vai ser sem jogo (...)Cazuza. Uma menina comum.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Primeiramente eu peço desculpas pela falta de postagens nos últimos dias. Não digo que foi por falta de tempo, porque isso eu tenho até de sobra, mas uma leve intoxicação alimentar mais uns problemas familiares, me deixaram "sem palavras".
Quando se lê "Comédias da vida privada" e "As mentiras que os homens contam" de Luís Fernando Veríssimo,numa tarde; tudo oque ocorre num dia é remetido para as crônicas, então aí vai uma tentativa,espero que gostem:

A CONSULTA:


F:Então,como tudo isto começou?

D:Alguns amigos seus dizem que tudo é relativo!

F:Vinda a capacidade humana em amedrontar-se perante as questões de valores pessoais..

D:Isto é uma análise?

F:Porque tamanha rispidez?

D:Entenda.. Eu apenas não consegui entender que Deus caridoso e onipotente teria propositalmente criado vespas parasitas com a intenção expressa de alimentá-las dentro de corpos vivos de lagartas...Essa talvez seja minha única dúvida..

F:A religião é comparável a uma neurose da infância.Creio que o Senhor teve um animal de estimação quando criança, certo?

D:Sim, um beagle.

F:Praticamente tudo explicado.

D:Eu mal comecei! Sequer lhe contei sobre as proibições em estudar Botânica na Universidade.Além do mais isto não é uma análise!

F:Foi um grande trauma?

D:Aonde o Senhor quer chegar?

F:Com todo o respeito, creio que o Senhor tinha uma aproximação demasiadamente forte com os animais; isso pode ter sido revertido numa exclusão social e que posteriormente acarretou em certos infortúnios e isolamentos em sua vida..

D: ... Eu pelo menos escrevi uma teoria evolucionista!

F:Ridicularizada na época...

D: O Senhor acha que tenho realmente problemas com a minha infância?

F:Fale-me sobre sua mãe.

D:Bem, ela me ajudava, ao contrário de papai, ela nunca me reprimiu, então..

F: Compreendo!Complexo de Édipo. Próximo!

D:Acabamos a consulta?

F: Pode se retirar do divã, por favor..

D: NÃO SAIO!

F:Seja compreensivo,afinal não estávamos numa consulta,não é?Além do mais, ainda tenho um tal de Adolf para analisar, e já me informaram que vamos ter um longo diálogo..

D:Ele não é uma pessoa fácil, mas o que eu faço?

F:Você desenha não é?

D: Sim.

F: Continue desenhando os pelicanos..

D: Eram tentilhões! tentilhões!

F: Próximo!

..

H: Soube que o Senhor é judeu. É verdade?

F: Algum problema em relação às diversidades étnicas e religiosas?

Enfim, nem Freud explica.



* Tirinha da revista New Yorker, do especial: Psicólogos.

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