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Meu caminho nesse mundo, eu sei.Vai ter um brilho incerto e louco dos que nunca perdem pouco,nunca levam pouco,mas se um dia eu me der bem,vai ser sem jogo (...)Cazuza. Uma menina comum.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Hoje é sexta-feira!
Espero que gostem do texto de Rodrigo Martins, colunista da Carta Capital.Achei justo
mostrar-lhes o bom senso de humor e a excelente história do jornalista.
Bom final de semana queridos!

''Jesus Cristo era um ET''- Rodrigo Martins

A placa na rua Joaquim Távora, zona sul de São Paulo, desperta a curiosidade dos pedestres: “Conserto de malas e bolsas. Estúdio para ensaios e gravações de bandas. Consultoria sobre discos voadores na Bíblia etc.” Ao soar da campainha, o sonolento cachorro não esboça reação no quintal da casa de portão azul. “Pois não?”, pergunta, da janela, um homem com olhar desconfiado, barba e cabelos desalinhados. “Estou interessado na consultoria de -óvnis.” Breve pausa e a resposta: “Você está preparado? É muito sério o que vou dizer”.

O consultor de discos voadores é Lourival Gomes Navarro, 52 anos. Guitarrista da banda Válvula de Escape Intergaláticos, ele possui um pequeno estúdio com isolamento acústico em casa, que aluga para quem quer ensaiar música sem perturbar os vizinhos. Também trabalha num apertado quartinho, onde realiza reparos em bolsas de toda espécie. Quanto ao serviço de consultoria, esclarece desde o início, é gratuito. “Não posso cobrar por um conhecimento que adquiri sem pagar nada.”

Lourival dedica-se ao estudo de extraterrestres há 12 anos. Embrenhou-se nas publicações e nos congressos de ufologia após ver uma gigantesca nave espacial sobrevoando a Vila Mariana, acompanhada por dezenas de discos voadores de tamanho menor. “Era um domingo ensolarado. Estava na rua com um amigo, que testemunhou tudo. A nave-mãe tinha quilômetros de extensão e os discos, ao menos uns 50 metros de diâmetro”, explica. Além do companheiro, não tem conhecimento de outras pessoas que tenham visto o que imaginou ser “uma invasão da Terra”. Nem por isso se abala. “Este bairro vive às moscas no fim de semana. E são poucas as pessoas que olham para o alto”, afirma.

Vencer a desconfiança de familiares e as chacotas de amigos não foi tarefa fácil, mas ele garante ter logrado certo êxito. “É muito difícil alguém que não viu um óvni acreditar. Muitos preferem nem comentar o testemunho para não ser tachados de loucos. Mas, pouco a pouco, os militares estão divulgando informações sigilosas sobre a presença dos ETs. Fora os frequentes relatos de quem tem coragem de dizer que viu óvnis”, afirma. “Aqui mesmo, na Vila, conheci uma advogada que também observou um disco voador. Eu mesmo voltei a ver outros óvnis numa noite. Fotografei, mas a imagem saiu ruim. Acho que a Vila Mariana está na rota de passagem deles.”

Para Lourival, os militares americanos e o Vaticano têm segredos valiosíssimos sobre a existência dos ETs. Mas tudo está guardado a sete chaves. “Eles não têm interesse em divulgar isso. Fazem o que podem para lançar desmentidos e esconder as provas e evidências. Quando surgiu aquele caso do ET de Varginha, por exemplo,- colegas- me contaram que testemunhas foram subornadas para ficar quietas”, conta. “Mas basta ler a Bíblia com atenção para constatar o que digo. Para mim, Jesus Cristo era um extraterrestre. Ele mesmo dizia. Vim do alto e voltarei para o alto.”

Das leituras bíblicas, lembra de cabeça passagens que reforçam sua crença (ou, como define, “ciência”). “O que era a carruagem de fogo que arrebatou o profeta Elias? E quanto ao Salmo 68, versículo 17, que diz que os carros de Deus são miríades, milhares de miríades’. Há numerosas passagens que comprovam a existência dos discos voa-dores. Mas os religiosos interpretam isso como querem”, lamenta. Com um exemplar da revista UFO nas mãos, mostra detalhes em pinturas sacras antiquíssimas parecidos com naves espaciais.

Antes devoto da Igreja Católica e, depois, da Assembleia de Deus, Lourival diz que nenhuma religião é capaz de responder às suas dúvidas e inquietações. Por isso, faz da leitura bíblica apenas uma busca pela “verdade” da existência dos óvnis. E evita as discussões com “religiosos céticos”, como o pastor de uma igreja evangélica vizinha. “Eu mostrava para ele os indícios da Bíblia e ele rebatia: ‘Você realmente acha que Deus precisa de um disco voador para fazer valer sua vontade?’ Não adiantava argumentar. Na última discussão, fui cercado por fiéis, que ergueram os braços e começaram a rezar como se eu estivesse possuído pelo demônio. Nunca mais voltei.”

Em casa, coleciona réplicas dos discos voadores que viu e dezenas de outros brinquedos, de ETs de pelúcia a maquetes de naves intergalácticas, boa parte deles presentes de amigos. Também ostenta uma tatuagem com o desenho dos óvnis que viu à luz do dia, sob os céus paulistanos. Quanto à consultoria, queixa-se da baixa procura. “A maioria só toca a campainha para tirar sarro. Também já tacaram pedras na minha placa e passaram trotes por telefone. O último foi de alguém que dizia ser da Rede Globo, mas não era reportagem coisa nenhuma. Por isso pedi sua credencial quando você disse que era jornalista.”
Involuntariamente, ganhou notoriedade após o seu anúncio ser incluído no livro Brasil das Placas – Viagem por um país- ao pé da letra, editado pelo jornalista José Eduardo Camargo. “Não sei por que ele fotografou a minha placa escondido. Quando ele foi ao programa do Jô Soares, recebeu até uma bronca: ‘Como é que você vê uma placa dessas e não conversa com o dono?’” Também recebeu menções num jornal de bairro e numa revista. “Só notinhas curtas. Espero que você tenha mais espaço.”

Antes de voltar ao reparo das bolsas, Lourival despede-se com um pedido: “Pode divulgar meu trabalho de consultoria. Mas alerta o pessoal que é coisa séria. Não gostaria que batessem na minha porta para me chamarem de louco”. Recado dado.



2 comentários:

  1. Daria uma boa gargalhada se não tivesse lendo no trabalho...
    A loucura maior foi ele tentar convencer o pastor, o resto pode-se dizer que é uma teoria.
    KKKKKKK

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  2. KKKKKKK, ia render uma boa história a sua gargalhada no trabalho,pelo menos para mim..
    "Não posso cobrar por um conhecimento que adquiri sem pagar nada.” Pelo menos ele admite, mas eu me renderia a escutar os argumentos..como dizem:"de médico e louco todo mundo tem um pouco.." Beijos, obrigada pelo comentário.

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